segunda-feira, 14 de julho de 2014

O QUE A COPA DEIXA DE LIÇÃO PARA AS ORGANIZAÇÕES


Depois de cada copa do mundo de futebol, as reflexões sobre as lições que ela deixa são inúmeras e esse talvez seja o maior legado do evento para as organizações de trabalho.
A minha reflexão é especialmente sobre a seleção da Alemanha, campeã dentro e fora do campo. Em 2000, depois da fraca atuação na Eurocopa, os Alemães iniciaram um processo de planejamento de longo prazo para voltar a ganhar títulos. Decidiram reformular o grupo desde a base até o alto escalão e investiram fortemente em pesquisas científicas para pautar as mudanças. Foram 14 anos de avanços para chegar a conquista desse título mundial. Parece muito tempo investido para a obtenção de um resultado, mas o caminho de agora em diante será menos tortuoso e certamente muitas conquistas virão a partir dessa nova fase.
Por outro lado, A Seleção Brasileira mostrou uma realidade que representa boa parcela das organizações de trabalho. Quero destacar apenas duas para a nossa reflexão.
A primeira é a falta de planejamento. Não é mais admissível que empresas queiram crescer com sustentação abrindo mão de um planejamento estratégico. O Brasil é um dos países onde menos se planeja estrategicamente. A consequência disso é a sensação de insegurança para investir em novos mercados ou abandonar velhos hábitos e estilos ultrapassados de gestão. O grande “apagão” de mão de obra, tão comentado por analistas de gestão, aliado a falta de uma filosofia de ação pautada na ciência e controlada por ferramentas modernas de gestão, acaba naquilo que vimos na nossa seleção.
O segundo fator é o trabalho em equipe. O time da Alemanha não jogava tendo como base um jogador mais talentoso. Ela tinha uma equipe talentosa, uma equipe que sabia que a equipe é maior do que um indivíduo isoladamente e que os resultados viriam por conta da aplicação do que havia sido planejado e trabalhado exaustivamente. Certamente sabiam também que fora de campo muitas mentes brilhantes haviam pensado e apostado no projeto. O resultado obtido dentro do campo foi apenas a ponta do iceberg. O que está submerso são os grandes pilares de sustentação, o verdadeiro alicerce que transformou uma equipe razoável em uma equipe de alto desempenho. Em uma organização, quando falamos em equipe, normalmente nos reportamos a elas de maneira isolada e esse é o grande erro. Como brasileiros, vimos apenas a lista dos 23 jogadores não houve planejamento, faltou estratégia e sobrou “oba-oba” e a consequência foi o apego a velhos paradigmas e na hora de corrigir, fizeram por tentativa e erro. Por esse caminho não dá para corrigir nada no curto prazo. É uma visão que não ultrapassa a linha do indivíduo como protagonista do espetáculo. Uma organização, seja de qual for a sua natureza, não pode ser refém de um talento, mas deve construir uma equipe em torno dele de maneira que ele seja um membro como os demais e que vai fazer a sua parte da melhor forma possível para alcançar o resultado coletivo.
Uma boa equipe também deve mesclar juventude e experiência, fator pouco explorado na nossa seleção. O ponto de equilíbrio nos momentos difíceis vem sempre de quem tem mais experiência. A força e a vontade de vencer são os ingredientes para atingir os resultados, mas a perseverança e a razão não devem ser excluídas do processo. Precisamos vislumbrar possibilidades quando ocorre um choque de gerações no ambiente de trabalho e não ver apenas um problema a ser resolvido.  

Nessa copa, os especialistas foram unânimes em afirmar que o futebol arte está em decadência e cedendo lugar ao futebol planejado, sistêmico e que produz resultado no médio e longo prazo. A lição desse novo modelo deve ser assimilada pelas organizações. Elas precisam investir em pessoas, formar equipes de alto desempenho e investir em modernos modelos de gestão. A era do improviso acabou há muito tempo, mas há ainda uma grande parte delas gastando muita energia para sobreviver e quase nada de inspiração para prosperar e crescer.